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segunda-feira, 9 de julho de 2012

CRÔNICAS 2012 No. 42


Teresópolis, 12 de junho de 2012.

A monotonia parece se impregnar em todas as atividades. Eu pensava que poderia combater a monotnia sendo professor, mas até a arte de ensinar tem seu lado monótono, como apertar de parafusos de uma linha de produção, como a contabilidade estatal ou privada; como o funcionarismo público. A monotonia é um mal. Não gosto da monotonia. É ela necessária? Podemos afastar a monotonia inclusive de trabalhos que “exigem” monotonia? Acho sim, para todas as perguntas anteriores. Pensar sobre isso agora me tornou complexo demais. Há muitas outras coisas das quais não gosto.

Não gosto de bar, ou qualquer estabelecimento, que não passa futebol na TV. Que pelo menos fiquem com aquilo ligado para que, quando não pudermos assistir o jogo, veremos quanto está o placar.

Não gosto de pessoas que perguntam “qual é sua graça?” em vez de “qual é o seu nome?”, “Como você se chama?”, ou mesmo um “Athaulfo, prazer; Thiago, o prazer é meu”. Qual é sua graça é engraçado demais. E já ouvi pessoas perguntando isso para crianças, e uma das crianças, certa vez, era eu.
Voltando à vaca-fria, eu não gosto de esquecer nomes ou palavras. E à proporção que a palavra não surge, em qualquer uma das três línguas que falo, eu vou querendo saber por que eu as esqueci e cada vez esqueço mais. É uma droga querer nos analisarmos mediocremente. Isso acontece muito quando estou monótono.

Eu não gosto de muletas de discurso senão somente quando indispensável. A lista é vasta: veja bem, veja você, deixe eu ver se me faço compreender, talvez eu consiga explicar, ow prestenção vai escutando, o que que acontece etc. Tento evitar tudo isso.

Não gosto de determinados assuntos. Sei que para cada assunto há uma dose a se respeitar ou limitar. Vale a ressalva de que meu “não gostar” significa não ficar muito feliz quando tais coisas citadas aqui ocorrem, mas nada que não suporte, pois, uma de minhas saídas para isso é transformar tais incômodos em arte. Mas, voltando mais uma vez à vaca-fria, não gosto de determinados assuntos, de assuntos que se prolonguem demais. Por exemplo: carros. Quando excedem no assunto “carros”.
Não gosto quando me perguntam algo, mas não querem uma resposta ou opinião ou ponderação adversa, principalmente quando sei que a fonte é revista Veja ou rede Globo. São os oradores retóricos do terceiro milênio.
Não gosto de histórias bem ou malfadadas com ou contra a polícia. São os herois do terceiro milênio.
Não gosto de discursos genocidas.
Não gosto de sobremesas.
Não gosto de restaurantes que possam lhe atribuir status.

Não gosto do vulgo (classe média que se acha elite) quando estabelece as modas descoladas, por exemplo, comprar um Renault, viajar para Ushuaia e Punta Arenas. Ou descobrir o Oriente visitando Estambul, Jerusalém ou... Dubai. Melhor (ou pior) ainda, achar que Dubai é o exemplo de civilização, progresso, cidadania etc. Sempre com a visão de que todos esses lugares são exóticos demais, ótima experiência, mas bom mesmo é Néviorque ou Miami.

Não gosto de falar sobre "coisas que não gosto", somente quando sei que posso me incluir em uma dessas coisas que não gosto. E não gosto de apresentações em power point.

Não gosto quando reclamam do povo como se ao povo não pertencessem. Assim como não gosto quando utilizam a poderosa e autoritaríssima Sociedade como reguladora de todas nossas vontades, condutas ou atitudes. Essa tal Sociedade representa o vulgo e não o bom senso!

Não gosto de saxfone romântico.
Não gosto de terno e gravata.
Não gosto de assuntos sobre investimentos.
Não gosto de visão europeia analisando meu país, por que sejamos em parte europeus.
Não gosto de longos agudos em canções.