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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A "PELADA" E A ÁGUA DA BICA



Tema mais que batido na literatura moderna e contemporânea brasileira.  Mereço a minha vez.  

Devo dizer que não só o futebol – que é vida – mas todos os esportes e suas manifestações mundiais me levaram ao gosto da geografia, história, ciências sociais e, nos últimos anos, também, da literatura. A cada país participante de um evento, cada bandeira que aparecia na tela, tornavam-se um motivo para encarná-los em alguma partida imaginária, tanto quanto estava sozinho nos corredores de minhas casas ou apartamentos, como nos campinhos, reais ou imaginados. Não sabemos, pois se o futebol é uma variante da "pelada" ou vice-versa. Contudo, esta última é a mais rica.


Os alamanaques e demais Atlas que meus familiares me davam ou emprestavam não eram atualizados para o ano de 1988, para a gente incluir mais países nos campeonatos. A Rodésia disputava com o Sião uma vaga na semifinal. A Abissínia jogava contra Transkei, para ver quem enfrentaria o Vietnã do Sul ou a Guiana Holandesa. Entretanto, quando surgia um documento atual – um Atlas escolar de 1985 – donde era possível vermos uma sadia disputa entre Alemanha Oriental e Tchecoslováquia, prontas para pegar o Chipre ou o Saara Ocidental. Tinha o senso de boicote: África do Sul não entrava.

Esta parte geopolítica de fora, vale um relato dos terrenos. Areia de praia, Aterro, saibro, cimento, gramado hípico, brita, paralelepípedo; sala de estar, garagem (dentro e fora da), estacionamento, gramados inclinados e jardins; corredores, varandas, currais, a Atlântica aos domingos, aquele gramadinho dividindo o piso de pedras ao lado da piscina. Quadras diversas das escolas, fábbricas e demais estabelecimentos, terrenos baldios (que chamávamos de “vadios” [os terrenos] e, por fim, os campinhos gramados, já num estágio avançado de nossas idades (16,17,18 anos).

Mas Campinho de Pelada, por questões de segurança à saúde da pessoa, tem que ter uma fonte de água. Ali mesmo, perto da pracinha da prefeitura de Teresópolis, rolava, agora mesmo, uma bola com uma criançada variando de 8 a 13 anos de idade; dois chinelos de um lado e duas pedras do outro faziam as vezes das balizas. Nos intervalos, a molecada toda seguia para a bica mais próxima. Apesar dos protestos de mães e babás, elas não sabem que a todo “Não bebe essa água suja menino!”, implica-se imediatamente em “ Não tem problema, não, é água de mina.” Dito por algum sábio do time ou por um homem adulto, que também passara por essa experiência e ali estava vivo.


Sim, toda a água perto dos campinhos de pelada são de mina. E ainda não houve, na história da humanidade, alguém que tenha morrido ou mesmo “pegado” uma doença por causa das águas da bica, pois elas são sempre de mina, e águas de mina são saúdo-potáveis.

Teresópolis, 27 de janeiro de 2015.