Tema mais que batido na literatura moderna e
contemporânea brasileira. Mereço a minha
vez.
Devo dizer que não só o futebol – que é vida – mas
todos os esportes e suas manifestações mundiais me levaram ao gosto da
geografia, história, ciências sociais e, nos últimos anos, também, da
literatura. A cada país participante de um evento, cada bandeira que aparecia
na tela, tornavam-se um motivo para encarná-los em alguma partida imaginária,
tanto quanto estava sozinho nos corredores de minhas casas ou apartamentos,
como nos campinhos, reais ou imaginados. Não sabemos, pois se o futebol é uma variante da "pelada" ou vice-versa. Contudo, esta última é a mais rica.
Os alamanaques e demais Atlas que meus familiares me
davam ou emprestavam não eram atualizados para o ano de 1988, para a gente
incluir mais países nos campeonatos. A Rodésia disputava com o Sião uma vaga na
semifinal. A Abissínia jogava contra Transkei, para ver quem enfrentaria o
Vietnã do Sul ou a Guiana Holandesa. Entretanto, quando surgia um documento
atual – um Atlas escolar de 1985 – donde era possível vermos uma sadia disputa
entre Alemanha Oriental e Tchecoslováquia, prontas para pegar o Chipre ou o
Saara Ocidental. Tinha o senso de boicote: África do Sul não entrava.
Esta parte geopolítica de fora, vale um relato dos
terrenos. Areia de praia, Aterro, saibro, cimento, gramado hípico, brita,
paralelepípedo; sala de estar, garagem (dentro e fora da), estacionamento, gramados
inclinados e jardins; corredores, varandas, currais, a Atlântica aos domingos,
aquele gramadinho dividindo o piso de pedras ao lado da piscina. Quadras
diversas das escolas, fábbricas e demais estabelecimentos, terrenos baldios
(que chamávamos de “vadios” [os terrenos] e, por fim, os campinhos gramados, já
num estágio avançado de nossas idades (16,17,18 anos).
Mas Campinho de Pelada, por questões de segurança à
saúde da pessoa, tem que ter uma fonte de água. Ali mesmo, perto da pracinha da
prefeitura de Teresópolis, rolava, agora mesmo, uma bola com uma criançada variando
de 8 a 13 anos de idade; dois chinelos de um lado e duas pedras do outro faziam
as vezes das balizas. Nos intervalos, a molecada toda seguia para a bica mais
próxima. Apesar dos protestos de mães e babás, elas não sabem que a todo “Não
bebe essa água suja menino!”, implica-se imediatamente em “ Não tem problema,
não, é água de mina.” Dito por algum sábio do time ou por um homem adulto, que
também passara por essa experiência e ali estava vivo.
Sim, toda a água perto dos campinhos de pelada são de
mina. E ainda não houve, na história da humanidade, alguém que tenha morrido ou
mesmo “pegado” uma doença por causa das águas da bica, pois elas são sempre de
mina, e águas de mina são saúdo-potáveis.
Teresópolis, 27 de janeiro de 2015.