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sábado, 7 de dezembro de 2013

VIAGEM À TERRA


Esta é clássica e vale um relato:


Uma homenagem a Ray Bradbury e a Jaime Guimarães.


Eles iam para o Novo México - EUA, terra conhecida deles nos últimos anos terrestres. Mas começou a ratear o motor da aeronave Grainat, acharam que era o atrito com a atmosfera, mas na verdade pode ter sido logo na entrada da atmosfera.

- Te falei, Plinx, para entrar na atmosfera da Terra tem que ter as manhas.

- Pô, Comandante Letzon, eu entrei certinho, mas é que pegamos um som do Pink Floyd, A Saucerful of Secrets, numa estação de rádio, aí me desconcentrei. Já ouviu?

- Cara, não se pode errar em uma viagem como esta! Vamos para Rosewell, lá a gente vê o que se pode fazer.

- Já passamos de lá, - disse Plinx, temeroso - nos resta Cuzco, caminho antigo. Eu sei que devia ter virado à esquerda em Albuquerque. E estamos longe de Teresópolis... e do Novo México!

- Você está maluco, Plinx?  Vamos para a Sibéria então, lá é menos quente.

- Passamos de lá também, quando derrapamos na escrotosfera. Peraí, xô dá uma quebra de asa aqui e... opa, vamos ter que parar. Vou deixar na banguela e ir suave.

Letzon espalma a mão em sua testa com violência e se lamenta em voz audível para Plinx:

- É Estratosfera, Plinx! Que mal fiz a Hunx (Deus)? Já dizem que não somos um planeta... Meu Hunx, o que será de Plutão agora? Estes terráqueos jamais entenderão nossa magnitude no sistema solar. Era para ser uma missão simples, Plinx!

- Calma Let (íntimo do capitão), aqui nessa área há bons mecânicos, vamos consertar isso tudo, deixa comigo. Eu tardo mas não falho.

O céu brilhou por 4 centésimos no tempo terrestre. Plinx se exaltou num misto de alívio e alegria:

- Olha lá, comandante Letzon, uma oficina!

- Onde?
- Ali ó: "Consertamos Disco Voador"...
- Seu filho da mãe, hehe, eu sabia que aqueles seus estudos de línguas terráqueas valeriam de alguma coisa. Vamos, pouse lá.

E pousaram em frente à humilde oficina. Era domingo. " Vai lá, Plinx, vc que sabe a língua deles". Plinx teve que ir. Começou com o discurso tradicional de que vinham em paz, mas queriam só consertar a Grainat. Saiu da oficina um senhor, que saía de seu sono. Apresentaram-se. "Prazer, esse aqui é o comandande Letzon, sou Plinx. "

- Taaarde... cumpádi. Magela, Geraldo Magela. Diz o problema, seu Plinquis.

Plinx sentiu alguma dificuldade no linguajar, porém anunciou o problema enquanto se encaminhavam para a Grainat e abria o compartimento do motor.

- É que quando a gente transpunha a atmosfera começou a ratear, não engatava as velocidades terrenas, você sabe como é. A gente ia para Rosewell, mas...

- Tô sabendo, vocês entraram pela Sibéria, né? Ali é difícil, é quente.

- É.

- Já sei o que é. - Magela, sobre a porta do compartimento do motor, observava com olhos sidero-mecatrônicos aquele caos. 

Cofiou a barba mal feita, expirou forte e pediu para um deles ir à cabine. Letzon assumiu essa tarefa.

- Então, quando eu disser "vai" você liga a nave, tá bom?
Plinx traduziu para o comandante e ele teve que aceitar a mudança de função.
- Então... péra um bocadinho... isso... agora. Vai!

A Grainat foi ligada, mugiu um pouquinho, tossiu, emitiu sons metálicos, os cachorros a redondeza latiram. Magela puxava um fio, apertava um e outro botão, raspava o dedo em um sensor desconhecido para a humanidade. Sai de repente e alertou:

- Continua, continua!
E a barulheira deu lugar a um som aveludado da Grainat. Era o som perfeito da aeronave. Agora podiam viajar o universo inteiro.

- Quanto é, Geraldo Magela?
- Nada não, isso é coisa simples. Mas ocês vão para onde mesmo?
- Rosewell.
- Ah, sim, Olha, pode ir tranquilo. O tempo está bom para lá.
- Mas Magela, aceite então um agrado - disse Plinx. Tome esse "trem" aqui.
- Nem precisava, seu Plinquis. Vão em paz, é a missão de vocês né? Sempre paz. Mas aqui entre nós não tem muito disso não, bem raro. 
Adeus seu Letição!
Plinx entrou na nave e Letzon acelerou para cima, sumindo no céu.


2 comentários:

  1. Nobre Quintella, como especialista em estudos plutonianos, parece-me que Plinx era um pouco inexperiente e o comandante Letzon um tanto relapso, pois todos em Plutão sabem que a melhor entrada para a Terra é via Morro do Chapéu, aqui na Bahia, onde tem um "discoporto" em que vários discos voadores fazem suas paradas para abastecimentos e reparos nas naves. Virou até bordão entre os plutonianos:
    - Como é que faz pra chegar a São Tomé das Letras?
    - Pergunta lá no Discoporto.

    O que será que o Geraldo Magela ( esse aí enxerga tudo) ganhou como agrado dos plutonianos? Deve ter sido uma lembrancinha, esse povo da Via Láctea é muito pão duro; mas são educados e discretos, ao contrário dos ETs de XO-1b: olha no que deu a última passagem deles por Varginha! São falados até hoje pelos maus modos atrás de um muro da cidade. Que vergonha!

    Grato pela citação, nobre Quintella. :) E seguimos firme na luta para o reconhecimento de Plutão como planeta, onde já se viu? Plutão não é o Náutico para ser rebaixado assim! :p

    Abraço!

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  2. Por isso que o caso mereceu destaque. O Magela, que jamais deixa de trabalhar aos domingos, tem muita experiência com aeronaves. As XO-1b, embora mais modernas, com ignição automática e capacitores de fluxo em adamantium líquido, não mostram tantas dificuldades assim.

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