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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Crônicas 2012 no.36

Acredito que este seja o número verdadeiro da crônica desta sequência 2012. Vou salvar o documento agora e já lhes digo... acertei. Mesmo ontem bebendo até às 4 da manhã, eu consegui lembrar do número. Consegui, inclusive, ouvindo Metal e New Order, formular inúmeros versos de Blues e várias músicas. Mas saí somente com uma letra que, não obstante, necessita de revisões. 

Agora ouço Whitesnake e tento decifrar os títulos das músicas que não vieram no CD que gravei. Não são muito sofisticadas e isso pode facilitar a descoberta dessas letras. "Let's get ut tonight, make me feel alright"; Remember we once thought we will live together, our love would last forever" e afins. Basta prestar um pouquinho mais de atenção. As aulas de ontem até que foram boas. Na verdade duas das quatro aulas foram boas (putz, acabo de me lembrar que não assinei o ponto. Deve ter sido o frio, que me fez querer voltar para casa logo e não ensar em nada). 

A primeira foi legal, mas só um dos dois alunos foi, aula de espanhol. E o tema era sobre ciúmes, relacionamentos dicotomias comportamentais de homem e mulher e na aula só dois compadres discutindo tudo sem um contraponto. A outra foi uma prova, a primeira do semestre, para a criançada de 10-11 anos. Antes de distribuir as provas eu premiei uma aluninha que me entregara todos os deveres de casa e fizera todos os trabalhos. A minha decisão de premiar aluno foi a menos planejada que fiz até hoje no mundo docente. Menos planejada e contra minha didática e até agora não sei se agi bem ante minha consciência. Eu explico: 

 Primeiro, acho que essa coisa de premiar, agradar quando se está fazendo a mais pura obrigação uma tremenda babaquice (é por isso que o Brasil tá assim!). Segundo, se for para premiar que eu premie o aluno mais esforçada, que foi o que aconteceu e até pode servir de motivação, mas não existe maior motivação na aula do que um aprendizado. Terceiro, eu poderia premiar com um livro, mas o prêmio foi um dobermann. Eu explico isso também: 

Um dos achados na recente mudança de meus pais foi um lote de bichos de pelúcia (o dobermann é de pelúcia, me esqueci de frisar) que em sua maioria foram adquiridos pela vontade de minha mãe. E isso não foi quando éramos crianças, foi coisa de cinco anos atrás. Era uma promoção semanal oferecida pela Casa &; Vídeo em conjunto com os jornais e com a WWF. Recortava-se a figura do bicho da promoção, mais dez pratas você ia até a Casa & Vídeo mais próxima e adquiria o seu bichinho de pelúcia, um bichinho ameaçado de extinção, não o de pelúcia senão o real. Eram dez ou doze bichos, ela não só quis os dez ou doze, mas também uma duplicata de um que mais lhe agradasse. E quem ia toda segunda-feira ou sábado anterior (era os dias que valia a promoção) enfrentar a fila e buscar o bichinho? Um dia consegui ficar mais tempo que nas filas dos bancos e em outro eu havia esquecido o recorte do bicho ou fui com o bicho errado (o bicho da vez era o panda, mas estava com o do mico-leão dourado, ou vice-versa, ou outros bichos). 

Essa missão sempre rendia uns bons perrengues. Mas eu estou contando isso porque... ah, porque, anos depois, minha acha essa galera toda, muitos ainda envolvidos no plástico e me sugere no dia das mães:
 - Thiago, olha aqui o que achei. Você não quer? 

Eu olhei para ela, mostrava-me cada um daqueles trecos advindos da caixa; eu via algum esporte na televisão com meu pai, tomando cerveja. Percebi o que era e continuei olhando-a indigna e indagativamente. E buscando todo meu passado e inclusive dos meus irmãos, quando foi que tivemos bichos de pelúcia? Ela sorriu e respondeu à minha cara:

 - É para você dar para os seus alunos, as crianças. 
 - Ah, sim tudo bem. Mas você não queria tanto a esses bichos, me fazia ir lá, desesperadamente, para conseguir uma ararinha-azul ou um puma do Patagônia?
 - Queria, mas agora não quero mais. 

 Então foi ali que pensei em fazer uma premiação neste fim de bimestre para a criançada. Minha turma tem cinco, e ali tinha suficiente para presentear todos, muito embora cresse que os três garotos da turma não se animariam em ganhar um bicho desses. Só que à medida que o dia das mães foi passando, fui percebendo que aqueles bichos não estavam em minha posse. Minha mãe foi dando de presente aos convidados que passavam por ali e, ao fim e ao cabo, estava eu somente com dois pinguins e o dito dobermann, sendo que só um dos pinguins era da dita promoção, assim como o dobermann, que não sei se está em extinção, era presentinho de um laboratório. 

 Em vez dos alunos, poderia distribuir para as professoras, mas elas são em número de seis. E que tal para as funcionárias? São quatro. Logo, sobrou-me apenas as aluninhas, que são duas. E poderia também abandonar essa ideia de premiar alunos com bichos de pelúcia e fazer somente o feijão-com-arroz, ensiná-los, dar-lhas a merecida nota e pronto, veria depois o que fazer com esses bichos, mas não... nãooo... a ideia ficou na minha cabeça como se fosse a maior de minhas obrigações. 

O importante é que a menina gostou, muito embora ela não tenha se manifestado na hora. E espero que a rapaziada faça e me entregue o dever no dia solicitado, porque eu, por exemplo, sempre fiz meus deveres de casa, principalmente os de inglês... até quando tinha a idade deles, pois depois descobri que um dever poderia ser feitos minutos antes da aula. 

 Teresópolis, 15 de maio de 2012.