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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

CSI: CORRÊAS


Mainha falou: 
- Thiago, vai comprar as coisas desta lista aqui lá no supermercado.
Estava vendo um jogo de rugby em VT com meu pai. Olhei para ele e ele, sem falar nada, falou " Fazer o quê, sua mãe falou, é ordem". 

Por uma inassociável obra do acaso, não víamos nossas séries preferidas: CSI, Criminal Minds, Mentalist, NCIS, Law & Order e filmes do Steve(n) Seagal. Todas que exigem muito raciocínio, principlamente as obras do último supra citado. Muito menos lia Padre Brown, de Chesterton; Maigret, de Georges Simenon; Poirot, da Agatha; e Sherlock e Watson, do Sir Arthur (estes permanecem na mesa de cabeceira).
Fui para meu quarto pôr uma camiseta qualquer e calçar o tênis. Sentei-me na cama e percebi um líquido estranho enquanto punha uma das meias. Estranho. A mancha vinha da porta, em jato diagonal. Entretanto, havia uma robusta poça deste líquido na área da dita mancha; vários respingos ao redor. Pelos brancos, pretos e cinzas no chão. Muito estranho.
(fade-out) 

[Música do The Who, um minuto de intervalo, comerciais. Volta a cena. Uma sirene, uma buzinada e uns latidos]

"Urina", confirmei após sentir os odores. Isolei a área e imaginei as ações dos suspeitos. Seis: Quatro terriers brasileiros - Miúda, Xuxo, Gilmar e a vistante Gilda, mais a poodle Maria Augusta - e eu, que tinha um álibi - estava vendo TV na hora do crime e era o investigador. 

O autor, ou os autores do crime estavam entre nós. A porta estava aberta, sem sinais de arrobamento. Nada avariada, não houve luta ou resistência da vítima. 

Alguns dos suspeitos apareceram à porta do local do crime apresentando inocência em seus semblantes. Coletei amostras de DNA. Gilda e Gilmar refutaram em ceder, mas, sagaz como sou, deixei-os me lamber e consegui o que queria. Adquiri as digitais nas pegadas deles pelo local. Enviei tudo para o Laboratório de Corrêas. 
[música desconhecida e de boa qualidade enquanto faziam os testes e reconhecimentos]
Dois DNAs reconhecidos no material: um de macho e outro de fêmea. Chamei-os para a sala de interrogatório. A todos comecei com a frase: "Já falei para vocês não fazerem xixi dentro de casa!" 

Maria Augusta aka Fifi









Maria Augusta, a poodle: Me olhou sobre a franja e apresentou seu olho doente, querendo apenas brincar. Velhinha, não vê e nem ouve bem senão quando capta presença de frutas. Sua idade autoriza várias atitudes dentro de casa, mas não a do crime. Sem digitais na área do crime.

Miúda aka Fiúza


 Miúda: Me lambeu, pediu carinho e correu para o terreiro fazer suas necessidades. Alegava fome também. Falou: Aff! e saiu tipo princesa "Quem sou eu para me submeter a este tipo de inquérito?" Se tivesse um cigarro, baforava no ambiente e o enchia de sua empáfia.






Gilmar: Veio todo feliz e palrador, rosnando vontades de se comunicar. Cheirou o local, cheiros cantos da mesa e cadeira. Acha-se malandro. Após pedir carinho, se empolgou e deixou um filete de urina. Olhar suspeito.
Gilmar aka Cachorro-Gil












Gilda
Gilda: Veio de repente, percebeu que era uma coisa que ela não estava acostumada e quis logo urinar em paz. (No photo filed yet). Falava demais, e não largava suas jóias.






Xuxo:Veio cabisbaixo, todo humilde, demonstrando traumas ininteligíveis em seu olhar. Queria continuar ali. Olhava todos. Estranho.


Xuxo











Chegaram as amostras. Eliminei-as, pois já sabia que tudo isso se tratava de um caso de amor mal 
resolvido. 

Gilda entrou no meu quarto e ali, sentindo cheiro de outros cachorros, urinou. Gilmar, em veemente perseguição, foi ali marcar aquele que acha seu território. Tudo em questão de segundos. Todos os dois com os olhares mais afetivos que podemos ver. Ninguém falou: "quero um advogado".
Dei-lhes voz de prisão, e todos vieram em minha direção cheios de carinho: lambendo, latindo, já se encostando, deitando em meu colo.  Mas dei meu esporro. 
- Nunca mais façam isso, gente. 
Aí mainha chegou de novo:
- Já voltou , meu filho? Cadê as compras?
E fui para a missão. 
Petrópolis, 3 de janeiro de 2014