- Ô bicho, você foi
muito cedo, cara. Sei que todos vão cedo, mas você exagerou! – revoltei-me.
- Ô Quintella, eu sei,
foi mal. – João Lenjob, Galo forte, tenta se desculpar, com aquele singelo
sotaque mineiro; boina, camisa do Atlético Mineiro, um violão; sem a bengala.
- Pô, brother, agora
não sei se vai ser mais fácil ou difícil nos falarmos. Eu tento daqui e você
tenta daí. Tempo agora você tem. Seu Castelo, o do Poeta, o do artista, que
você é – múltiplo artista – vai ser o mais acessível ainda. Vejo daqui, de um
modo que não sei explicar, que John Lennon e Antônio Carlos já estão lá na
porta, te esperando. Os dois com uma viola. Mais tarde o Arnaud Rodrigues e o
Chico Anysio apareceram por lá, eles estão ainda um pouco ocupados conversando
com o Millôr.
- Ô bicho, é mesmo, tô
até meio encabulado.
- Ora, meu cumpádi, até
parece! Você, encabulado? Continua com seu grande humor. Ó, prestenção, aí não
deve ter essa babaquice de se vexar e se intimidar com nossos ídolos daqui de
baixo. Aí em cima a relação deve ser outra, suponho. Difícil vai ser aqui para
gente. E Nova Era, como é que ai ficar? E o Maletta? E aqueles botecos do
Gutierrez em BH? E os discos e as cachacinhas no La Rara?
- Ah, mas se eu puder
eu passarei por lá. Também não sei muita coisa, Quintella, tô chegando aqui
agora.
- Compreendo, quer
dizer, tento compreender. Para aí que pretendo, que todos pretendemos. Todos
aqueles, meu amigo, meu primo – por que não? – todos aqueles que você fez
sorrir e se emocionar. Todos aqueles que você ensinou; que você, incansável,
buscou para que conhecêssemos. Poxa vida, quanta intensidade em quatro anos que
convivemos.
- Pois é, bicho,
parecia que sempre havíamos sido amigos.
- As tardes de domingo,
quando eu e Ana Letícia íamos para a saideira de BH, e depois voltava para
minha casa. Aquelas longas conversas despretensiosas e sadias com João,
Juquinha, Tiana e Orminda. Cervejas, pães de queijo, esportes, Big Brother.
- Ô! Nem me fala,
sentirei saudades de estar fisicamente, materialmente com vocês...
- É, porque bem sabe
que além de sua obra, seu trabalho está bem vivo em todos nós... Cara, que
droga, você foi cedo demais.
... Vai lá Joãozinho,
tô vendo daqui quatro caras chegando lá no se Castelo. Dê uma olhada. Fernando
Sabino, Paulo Mendes Campos, Hélio Pelegrino e Otto Lara Resende. Ih! Mais um, o
Drummond! E outro, seu xará, o Rosa. Vai lá, um bom papo agora, como sempre. E nós aqui aguentamos o
tranco.
A gente se fala.
Muito triste... difícil de acreditar...
ResponderExcluirBelíssima homenagem!
ResponderExcluirLinda homenagem, que só você poderia ter escrito deste jeito, e você sabe que se o Joãozinho tivesse lido isso, teria morrido de rir e se enchido de vaidade e orgulho pelo grande amigo escritor primo que você sempre foi pra ele!
ResponderExcluirBeijo grande.
Saudades.
Ana.
www.mineirasuai.com
Adorei, parabéns pela homenagem!
ResponderExcluirMuito triste essa noticia, foi um grande poeta , eu o vi criança na casa da minha madrinha , que por sinal ,era sua mãe. Brinquei com ele e o Osvaldinho seu primo, na csa de D. Lidia carneiro.
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